8 de Março: Luta Feminista e Anarquismo de Mãos Dadas pela Liberdade

No dia 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, a Federação Anarquista Capixaba (FACA) reafirma seu compromisso com a luta contra todas as formas de opressão e exploração que atingem as mulheres, especialmente aquelas que também enfrentam o racismo, a LGBTQfobia, a precarização do trabalho e a violência institucional.

O patriarcado, sustentado pelo Estado e pelo capitalismo, é uma ferramenta central de dominação que subordina as mulheres, invisibiliza suas contribuições e reprime suas vozes. Por isso, entendemos que a emancipação feminista só será plena quando estiver conectada à luta anticapitalista e antiautoritária, construindo um mundo baseado na igualdade, na solidariedade e no respeito mútuo.

 

Neste dia, não recordamos ou celebramos conquistas superficiais ou discursos vazios promovidos por governos e corporações que continuam lucrando com a desigualdade. Celebramos, sim, a resistência histórica das mulheres que, desde os primórdios da organização anarquista, têm sido protagonistas nas lutas por justiça social. Reconhecemos o papel fundamental das mulheres trabalhadoras, camponesas, indígenas, negras e periféricas que, mesmo sob múltiplas camadas de opressão, seguem erguendo barricadas contra o sistema. A FACA convoca todas as mulheres exploradas e oprimidas a se somarem à construção de espaços autônomos, horizontais e combativos, onde possamos nos organizar sem hierarquias nem tutelas.

 

A luta das mulheres é parte essencial da luta anarquista, pois sabemos que a transformação social só será possível com a participação ativa de todas as pessoas em sua diversidade. Contra o patriarcado, o capitalismo e o Estado autoritário, reivindicamos um futuro onde ninguém seja dominado ou explorado!

Este 8 de março é mais um chamado à união e à ação direta: juntas, vamos construir as bases para uma sociedade livre, igualitária e verdadeiramente humana. Prostitutas, trabalhadoras domésticas, mães solo, estudantes, operárias – todas são fundamentais nessa jornada.

Organizemo-nas! A revolução será feminista ou não será.

Federação Anarquista Capixaba – FACA

A Educação como Alicerce da Liberdade: O Imperativo Anarquista em Tempos de Superficialidade

Ilustração do elemento chama de fogo | vetor Premium gerado com IA

Vivemos em uma era marcada pelo efêmero, onde a velocidade da informação suplanta sua profundidade e o consumo de conteúdos rasos substitui a reflexão crítica. Nesse contexto, a militância anarquista enfrenta um desafio urgente: resistir à sedução da superficialidade e cultivar, com rigor, o saber como ferramenta de emancipação. A verdadeira liberdade — aquela que não se limita à ausência de grilhões externos, mas se constrói na autonomia do pensamento — exige mais do que discursos inflamados; demanda estudo, leitura e pesquisa contínuos. Sem conhecimento sólido, o projeto libertário arrisca-se a reproduzir as mesmas estruturas que pretende demolir, pois a ignorância, voluntária ou imposta, é sempre cúmplice da opressão.

A tradição anarquista sempre reconheceu a educação como um pilar revolucionário. Pense em Mikhail Bakunin, que defendia que a instrução científica deveria ser acessível a todos, ou em Emma Goldman, cujas palestras desafiavam o conformismo intelectual da sua época. Esses camaradas não separavam a luta social da formação crítica: sabiam que um povo desprovido de cultura é facilmente dominado. Hoje, quando o capitalismo transforma até as rebeldias em mercadorias, a apropriação do conhecimento torna-se uma trincheira. Estudar teorias políticas, mergulhar na história das resistências e compreender as nuances econômicas não é mero academicismo; é aprender a desmontar, tijolo por tijolo, a narrativa hegemônica que naturaliza a exploração.

A superficialidade do presente não é inocente: ela dilui a capacidade de análise, favorecendo a aceitação passiva de opressões. Redes sociais, algoritmos e a cultura do instantâneo fragmentam o conhecimento, substituindo a complexidade por slogans. Para um anarquista, isso é um convite ao perigo. Como combater o autoritarismo sem entender suas raízes históricas? Como construir horizontes coletivos sem debater filosofias da liberdade? A pesquisa séria permite desvelar as armadilhas do poder, identificar a coerência (ou incoerência) das práticas e, sobretudo, evitar a replicação de dogmas — inclusive dentro dos próprios movimentos libertários. A liberdade exige clareza, e a clareza nasce do estudo.

O que aqui defendemos é que o conhecimento não é apenas arma de crítica; é alicerce para a ação criativa. Comunidades autogeridas, projetos de apoio mútuo e experiências de educação libertária só florescem quando sustentadas por saberes práticos e teóricos. Dominar técnicas agrícolas, entender direito cooperativo ou estudar pedagogias não hierárquicas são atos revolucionários em um mundo que busca nos manter dependentes de suas estruturas. A cultura, em seu sentido mais amplo, fornece os mapas para navegar além do capitalismo, mostrando que outra organização social não só é possível, mas já está sendo semeada aqui e agora.

Quem almeja a liberdade precisa, antes de tudo, assumir uma postura de eterno aprendiz — pois só quem pensa com autonomia pode, de fato, ousar viver sem senhores.

Federação Anarquista Capixaba – FACA