EM BREVE: NOVOS CURSOS DE AUTODEFESA DA FACA!

A Federação Anarquista Capixaba concluiu recentemente mais um ciclo de seu Curso de Autodefesa, onde companheiras e companheiros puderam aprender e trocar conhecimentos fundamentais para a proteção individual e coletiva. A iniciativa reforça nosso compromisso com a construção de um povo forte e organizado, capaz de enfrentar a violência do Estado e dos grupos reacionários. A autodefesa é um pilar da autonomia popular e um ato de resistência direta.

Diante do sucesso e da alta procura, informamos que novas turmas serão formadas em breve! Seguiremos ampliando esta ferramenta de luta, porque acreditamos que a organização e a capacidade de defesa são passos concretos na construção do nosso ideal. Fiquem atentos aos nossos canais para as inscrições. A luta se faz com estudo, organização e ação direta!

E se tem interesse em organizar um curso em sua cidade, nos escreva!

Federação Anarquista Capixaba – FACA

PELA UNIÃO E ORGANIZAÇÃO ANARQUISTA: DA TEORIA À AÇÃO COMBATIVA!

Às companheiras, companheiros e companheires, àqueles que carregam no peito o fogo da liberdade e o ódio à opressão: saudações da Federação Anarquista Capixaba!

O atual momento histórico exige mais do que palavras indignadas; exige ação concertada e estratégia. Enquanto nos perdemos em discursos fragmentados e ações desconexas, o capital avança, internacional e articulado, pisoteando povos, ecossistemas e qualquer resquício de autonomia. Sua face é global, e nossa resposta, até agora, tem sido localista e insuficiente. É hora de entender que a luta contra o Leviatã Estatal e o vampiro do Capital não será vencida por atos de bravura isolados, mas pela construção de um movimento capaz de enfrentá-los em todas as frentes.

A dispersão é nosso maior inimigo interno. Enquanto nos contentamos com grupelhos fechados em suas próprias verdades ou ações simbólicas sem continuidade, o sistema ri e segue seu caminho de destruição. Romantizar a espontaneidade sem organização é um luxo que não podemos mais nos dar. Precisamos de uma união orgânica, fluida e combativa, que transcenda as afinidades pessoais e se estruture em torno de um programa e uma estratégia comum. Só uma organização específica anarquista, firmemente enraizada nas lutas populares, pode acumular forças, compartilhar experiências e projetar uma transformação social real e duradoura.

Não basta diagnosticar os males do mundo; é nossa obrigação mergulhar nas profundezas da conjuntura e dela extrair um plano de batalha realista. A análise não é um exercício acadêmico, mas a base para a ação eficaz. Devemos estudar minuciosamente as táticas do inimigo, identificar seus pontos fracos e, a partir daí, criar estratégias de ação que sejam ao mesmo tempo ousadas e exequíveis. Isso significa conectar nossa prática cotidiana – do apoio mútuo nas comunidades à greve no local de trabalho – com nosso horizonte estratégico de transformação social radical. É a ponte que nos tira do campo das ideias e nos lança ao combate direto.

O capital não conhece fronteiras, e nossa solidariedade também não pode conhecer. Nossa luta no Espírito Santo está intrinsecamente ligada à dos povos da Amazônia, dos trabalhadores da Europa, dos oprimidos do Sul global. A internacionalização da luta não é um slogan, mas uma necessidade de sobrevivência e vitória. Devemos construir canais de comunicação, apoio e ação direta com organizações irmãs em todo o mundo, compartilhando táticas, recursos e, acima de tudo, a convicção de que nenhum de nós é livre enquanto um de nós for escravo. Nossa rede deve ser tão global quanto a do capital, porém, fundada na liberdade e na cooperação, não na exploração.

Portanto, chamamos todas e todos que almejam um mundo verdadeiramente livre a superar a inércia e o sectarismo. Unamo-nos sob a bandeira negra e vermelha da Anarquia organizada! Vamos forjar na prática uma ferramenta de luta afiada, capaz de analisar, planejar e atacar. O inimigo é poderoso, mas nossa força reside no povo organizado. É hora de transformar nossa indignação em movimento, nossa teoria em ação combativa e nossa esperança em realidade. A luta é aqui, é agora e é até a vitória final!

PELA ANARQUIA!
FEDERAÇÃO ANARQUISTA CAPIXABA (FACA)

Das Mãos Vazias às Mãos que Se Defendem: A FACA Promove Formação de Autodefesa no Espírito Santo

Em um ato de preparação diante da crescente violência estatal e paramilitar, a Federação Anarquista Capixaba (FACA) ocupou o território dominado pelo estado do Espírito Santo para realizar, no último 13 de outubro de 2025, em Guarapari, uma formação em defesa pessoal voltada para a classe trabalhadora. A ação, organizada de forma horizontal e autogerida, visou armar corpos e mentes contra a repressão cotidiana, transformando um espaço de lazer imposto pelo capital em um território temporário de auto-organização e aprendizado coletivo. Longe dos aparatos de segurança do Estado, que protegem a propriedade e criminalizam a pobreza, xs trabalhadorxs capixabas praticaram a autodefesa como princípio fundamental da libertação.

Esta iniciativa vai além da mera reação física; é um gesto profundamente político de desobediência à lógica que entrega nossa segurança aos mesmos aparatos que nos oprimem. Enquanto o Estado monopoliza a violência para garantir a ordem do capital, a FACA reafirma que a verdadeira segurança nasce da solidariedade de classe e da capacidade de defesa coletiva. Aprender a proteger o próprio corpo e o do companheiro é o primeiro passo para proteger a comunidade e o território das incursões do Capital e de suas forças de repressão, construindo uma trincheira de corpos indisponíveis para a dominação.

A formação em Guarapari não é um evento isolado, mas um elo na cadeia de ações diretas que buscam forjar a autonomia popular. Ao proporcionar esses saberes, historicamente restritos às forças de segurança, a FACA pratica a educação libertária que entrelaça teoria e prática, gestando o embrião da sociedade livre que almejamos: uma onde o povo, organizado e consciente de seu poder, não apenas resiste, mas constrói as bases materiais de um mundo sem patrões e sem Estado. Cada golpe desferido com técnica é um não à submissão; cada esquiva, uma negação prática à passividade imposta.

Federação Anarquista Capixaba – FACA

O Fogo do Conhecimento na Revolução Anarquista

A ignorância não é inocente: é o alicerce sobre o qual o capitalismo ergue seus templos de opressão. A alienação fabricada pelo sistema — que transforma história em mercadoria, ciência em ferramenta corporativa e pensamento crítico em ameaça — não é acidental. É projeto. Romper essa névoa exige estudo militante: ler Bakunin para entender as engrenagens da exploração, devorar Kropotkin para desenhar horizontes de mútua ajuda, decifrar Bookchin para fundir ecologia e libertação, etc. Conhecimento, aqui, não é adorno: é martelo para quebrar grilhões. Quem desconhece as estruturas da dominação reproduz, mesmo sem querer, a lógica do opressor.

Nesse contexto, a leitura anarquista é subversão ativa — um ataque à propriedade intelectual do saber. Enquanto universidades corporativas vendem diplomas como títulos de nobreza, nós erguemos bibliotecas livres nas ocupações, traduzimos panfletos em assembleias, debatemos Malatesta em greves. Cada texto anarquista lido coletivamente é um ato de desobediência epistêmica: nega-se o monopólio das elites sobre a razão. Estudar Emma Goldman não é exercício acadêmico; é aprender com quem incendiou teatros do patriarcado. A teoria, longe de ser abstração, é mapa de guerrilha contra o Estado e o Capital.

Refletir, porém, não é contemplação passiva. É autocrítica feroz e coletiva — a arma que impede a revolução de petrificar em nova tirania. Questionamos Proudhon diante de seu racismo, confrontamos as contradições de Stirner com o comunitarismo, reescrevemos o mutualismo à luz das lutas indígenas. Essa reflexão permanente desmonta dogmas e evita a criação de novos sacerdotes revolucionários. Nas palavras de Gustav Landauer: “O Estado é uma condição, um tipo de relação entre seres humanos” — desnaturalizá-lo exige pensar (e viver) relações antiautoritárias aqui e agora, nos espaços autogeridos.

Por fim, estudar é preparar o terreno do possível. Não há revolução duradoura sem transformação íntima: desaprender a competição, desenterrar a empatia soterrada pelo consumismo, forjar éticas baseadas na solidariedade. Quando comunidades estudam permacultura para criar zonas autônomas, quando coletivos mapeiam redes de apoio mútuo durante desastres climáticos, estão aplicando o conhecimento como alavanca material. A utopia não cai do céu: constrói-se com livros nas mãos, mas os pés nas ruas. Saber, nesse sentido, é o primeiro ato de rebelião — e o último refúgio que o capital jamais controlará.

Federação Anarquista Capixaba – FACA