Primeiro de Maio de 2024: A classe explorada retoma as ruas!

Depois de muitos anos o centro da cidade de Vitória, Espírito Santo, viu novamente as bandeiras pretas e vermelhas do anarquismo tremularem. As companheiras e companheiros da Federação Anarquista Capixaba (FACA) se agrupavam e demais camaradas, inclusive de outras cidades, também chegavam ao ponto de encontro para o início da manifestação.

A energia subversiva já ecoava desde a concentração da marcha, onde as trabalhadoras e trabalhadores de diversos setores produtivos se faziam presentes, empunhando tambores,  gritos e bandeiras contra o sistema opressor em que vivemos.

A marcha tomou a direção do centro da cidade e, com irreverência e coragem, deixamos claro que as ruas pertencem à classe produtiva que, também em memória dos mártires de Chicago e tantos outros que tombaram nas lutas emancipatórias, vociferou seu desejo de uma ordem social libertária, livre das amarras do Estado e do Capital.

Logo depois da marcha, assistimos a uma excelente peça de teatro anarquista, realizada ali mesmo na rua, que contou com a assistência de populares e, sobretudo, crianças – uma oportunidade ímpar para difusão da ideia e cultura libertária.

Já era noite quando se iniciaram os debates sobre economias alternativas, práticas anticapitalistas, autogestionárias e horizontais, momento no qual ensinamos e aprendemos acerca da sociedade que tanto desejamos e lutamos para construir, destacando ainda nossa articulação federalista junto da Iniciativa Federalista Anarquista do Brasil (IFA BR) e da Internacional de Federações Anarquistas (IFA).  

Um primeiro de maio de luto e de luta, diverso, profícuo e que a Federação Anarquista Capixaba espera que se repita por longos anos, espalhando a cada dia mais o espírito combativo entre as oprimidas e exploradas.

Federação Anarquista Capixaba – FACA

 

 

 

1º de Maio 2024: Rompamos nossa jaula!

 

E outra vez se aproxima o 1º de Maio… em um cenário de guerras alastradas por todo o mundo, de investimentos bilionários, por consequência, na indústria militar, apesar de milhões e milhões de pessoas passarem fome neste instante. A violência aumenta a cada dia, a desesperança também. A conjuntura nos conduz ao derrotismo e nos paralisa, na medida em que, enquanto isso, nós, trabalhadoras e trabalhadores somos espoliados a cada instante de nossa existência.

Porém, apesar de tudo e todos, aqui estamos mais um ano, outra vez. Podemos e devemos romper as grades de nossa jaula, gritar alto, gritar forte e com altivez: não acreditamos e não aceitamos este sistema socioeconômico. Não toleramos a destruição do meio ambiente e a mercantilização da vida!

Acreditamos em outro mundo, solidário, fraterno, pacífico e autogerido pelas próprias produtoras da riqueza social. Acreditamos em um mundo em que não consumiremos todo o planeta apenas para gerar lucros cada vez maiores aos conglomerados empresariais que nos controlam.

Por isso, para que este novo mundo que levamos em nossos corações surja, a organização anticapitalista de todo o conjunto de exploradas e explorados é fundamental e urgente!

Dessa forma, contamos com todas vocês neste Primeiro de Maio de 2024, a partir das 16 horas, nas proximidades da Arquidiocese de Vitória/ES, para uma marcha/protesto e, às 20 horas, um debate e articulação no Espaço Lacarta.

ABAIXO A PARALISIA!

PELA REVOLUÇÃO SOCIAL!

ORGANIZE-SE E LUTE!

EM MEMÓRIA DOS MÁRTIRES DE CHICAGO!

Federação Anarquista Capixaba – FACA
Filiada à IFA Brasil e IFA-IAF

[Espanha] O discurso belicista

Denunciamos a realização da Feira Internacional de Armas e a ligação da nova indústria bélica com o genocídio na Palestina.

Nestes dias, nossas cabeças estão martelando com os tambores de guerra que estão sendo entoados por políticos e pessoas poderosas em todo o mundo. Nossos corações se encolhem com as notícias da Palestina e somos tomados pela raiva quando observamos as vítimas de sempre em Gaza ou na Ucrânia, as únicas que aparecem na televisão, enquanto um insuportável discurso belicista se instala. Há 56 guerras ativas no mundo neste momento. E não vou incluir a Palestina, porque isso não é uma guerra, é um GENOCÍDIO.

As metáforas inundam a linguagem da mídia de massa pela mão de políticos, analistas e outras espécies, construindo uma estrutura bélica que resulta em persuasão e manipulação, deixando em segundo plano o sofrimento, a dor e a morte de milhares e milhares de pessoas.

Suas guerras, seus negócios, são nossos mortos e os números são diluídos na realidade cotidiana como se fosse quase normal no curso da história.

A palavra é construída com verbos como “vencer”, “lutar”, “combater”, “derrotar”, apelativos como “segurança”, “defesa”, “inimigos”, etc., e o universo discursivo nos envolve com uma retórica que visa apenas garantir os interesses econômicos e políticos dos poderosos.

Nos dias 10 e 11 de abril, a Feira Internacional de Segurança e Defesa (Feindef), ou seja, a Feira Internacional de Armas, será realizada em Córdoba. Nossas companheiras da CNT Córdoba se uniram a outros coletivos na plataforma “Melhor sem armas” e lançaram uma campanha exigindo a suspensão do evento patrocinado pelo Ministério da Defesa, com o apoio da Prefeitura de Córdoba e da Junta de Andaluzia, opondo-se a esse negócio infame que viola sistematicamente os direitos humanos e é uma das principais fontes de poluição ambiental.

Também denunciam os vínculos entre a empresa espanhola Escribano M&E Systems, líder das empresas nacionais de armamento, e o genocídio em Gaza, por meio de seu acordo com a empresa israelense ELBIT Systems, com a qual estão desenvolvendo um novo lançador de foguetes, testado em Gaza, cuja implementação e fabricação serão realizadas em Córdoba, com o qual o Exército espanhol será equipado e no qual pretendem investir nada mais nada menos que 273 milhões de euros de dinheiro público.

Na atualidade, e com o novo marco político derivado da vitória de Putin e da possível vitória eleitoral de Donald Trump, a OTAN está elevando seu discurso belicista e engordando seus orçamentos ao argumentar que deve estar preparada para a guerra.

De acordo com os últimos dados publicados pelo Stockholm International Peace Research Institute em abril de 2023, os gastos globais aumentaram 3,7%, em 2022, para 2,24 trilhões de dólares, o equivalente a 2,2% do PIB global, o maior aumento anual em pelo menos 30 anos.

Nos unimos aos nossos companheiros e companheiras de Córdoba e da Andaluzia. Denunciamos todos esses mercadores da morte e seus cúmplices políticos.

NÃO ÀS ARMAS

NÃO ÀS SUAS GUERRAS

NÃO EM NOSSO NOME

Fonte: https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/04/09/espanha-o-discurso-belicista/

Ser cético é uma questão sobretudo de ter honestidade intelectual

Uma pessoa íntegra não afirma saber coisas sobrenaturais que não pode saber.

Por JAMES A. HAUGHT
Freedom From Religion Foundation


Ninguém sabe realmente de onde vêm as crenças. Os psicólogos não conseguem explicar o que torna algumas pessoas céticas e outras, crentes. Portanto, não sei o que me levou a duvidar, enquanto alguns de meus colegas de classe até se tornaram pregadores. Tudo que sei é minha própria história.

Nasci em 1932 em uma pequena cidade rural da Virgínia Ocidental que não tinha eletricidade ou ruas asfaltadas. Fui enviado para as escolas dominicais do Bible Belt e tentei orar quando criança. Mas um despertar ocorreu na minha adolescência. 

Na aula de química do colégio, aprendi como lacunas e excedentes nas camadas externas de elétrons fazem com que os átomos se liguem em moléculas, formando quase tudo em nosso mundo. Foi uma revelação que explica muito da existência.

A ciência se tornou uma obsessão, um portal para a compreensão da realidade. Lentamente, as reivindicações da religião de deuses, demônios, céus, infernos, anjos, demônios, milagres e messias invisíveis transformaram-se em minha mente em contos de fadas.

Por acaso, tive a sorte de conseguir um emprego no jornal — e meu mundo se expandiu. Com um editor que ria das pregações de evangelistas, debati religião. 

Concordei que afirmações religiosas sobrenaturais eram bobagens — mas eu tinha um dilema: se as explicações mágicas são absurdas, que melhores respostas existem? O que uma pessoa honesta pode dizer? Ele me olhou atentamente e respondeu: “Você pode dizer: eu não sei”. Bingo! 

Imediatamente, um caminho de honestidade se abriu para mim. Eu me juntei a um grupo de céticos, li livros de física e filosofia e cimentei uma visão de mundo científica.

Encontrei razões lógicas para pensar que as pessoas deveriam rejeitar dogmas:

— Ocorrências horríveis, como o tsunami no Oceano Índico em 2004, que afogou inúmeras crianças, provam que o universo não é administrado por um pai amoroso. Nenhum criador compassivo planejaria tais coisas. Em filosofia, esse dilema é chamado Problema do Mal. Não refuta a existência de um deus sem coração, mas elimina o deus misericordioso das igrejas.

— Centenas de deuses e religiões do passado desapareceram e são risíveis hoje. As divindades de hoje são mais substanciais?

— Embora as igrejas afirmem que a religião torna os crentes amorosos e fraternos, o registro histórico frequentemente mostra exatamente o oposto.

— Muitos dos pensadores mais brilhantes ao longo da história têm sido céticos. Se as melhores mentes não conseguiam engolir os princípios sobrenaturais, por que deveríamos?

— O pensamento científico requer evidências detectáveis ​​e testáveis. Mas a religião não oferece nenhuma prova, exceto escritos deixados por homens santos mortos há muito tempo. Pessoas que buscam o conhecimento precisam de algo mais tangível.

— Apesar da suposição comum de que os líderes religiosos são mais morais do que as pessoas comuns, um número terrível deles não o é. Não há nenhuma evidência de que a religião os torna mais santos do que você.

— Mesmo os crentes devotos são céticos sobre os dogmas de outras religiões. Por exemplo, os judeus duvidam que Jesus fosse divino. Os cristãos duvidam que Jesus apareceu ao Mestre Moon e disse para ele para converter todas as pessoas para serem “Moonies”. E os muçulmanos duvidam que Jesus tenha vindo para a América pré-histórica, como afirmam os mórmons.

As crenças religiosas dependem muito da demografia. Uma pessoa nascida em uma terra muçulmana, em uma família muçulmana, dificilmente se tornará hindu, budista, judeu ou cristão. O mesmo padrão se aplica a outras terras e outras famílias. A fé depende principalmente de onde você nasceu.

E os avanços na educação e no conhecimento científico fazem com que as crenças sobrenaturais desapareçam. A religião já foi tão importante para os europeus que eles mataram milhões de pessoas por causa dela. Mas desde o Iluminismo e o surgimento do pensamento científico, a religião praticamente desapareceu na Europa.

Ao longo dos anos, expus essas premissas em livros e ensaios de revistas. Até criei um romance de pensamento livre focado em absurdos religiosos na Grécia antiga.

Para mim, o resultado final é a honestidade. Uma pessoa íntegra não afirma saber coisas sobrenaturais que não pode saber. Uma pessoa honesta deseja evidências sólidas para apoiar afirmações e desconfia de afirmações infundadas. Portanto, os céticos são os mais honestos de todos.
 
Fonte: https://www.paulopes.com.br/2021/09/ser-cetico-e-uma-questao-sobretudo-de.html?m=1#.YUWTdLhKiM8&gsc.tab=0 
 

 

[México] Jornadas Anárkicas Apocalípticas | Primavera Negra

Quando chegou o apocalipse, que não nos demos conta? Qual foi o dia decisivo? Amanhecemos sepultados no cimento cinza. Dos fogos que havia só se vê carvão, e o vento o vai desmoronando. Mas algumas brasas ocultas ainda estão acesas.

Os espaços que habitamos e defendemos resistiram, e os projetos seguem neste contexto, não é pouca coisa. Mas nos damos conta de que se dedicaram muito para os processos internos, e para a sobrevivência mesma. É para o que davam as energias, as forças, e as necessidades. Agora, nos damos conta de que quiséramos voltar a trabalhar para fora e tecermos com outros, que este espaço que cuidamos como uma pequena brasa se reúna com outras que faz tempo começam a mover-se, para acender de novo um fogo. É um desejo nosso e uma resposta a chamados que escutamos desde outros territórios, a vozes levadas por uma mesma corrente que também estão buscando reunir-se e conspirar.

Uma forma que escolhemos para reencontrar-nos com outras resistências, projetos e individualidades é pôr o espaço em um evento onde possamos nos reunir. Queremos que esta primavera seja negra como a noite, ante o brilho artificial de morte e dominação que vem desde o poder. Por isso lhes propomos aproximar-nos às brasas este 26, 27 e 28 de abril a conversar, conspirar e compartilhar na penumbra, nesta outra cidade monstro às costas da Barranca de Huentitán chamada Guadalajara. Nos parece a ocasião perfeita para que voltem a brotar as flores da luta, a anarquia e a vida. Os convidamos a participar com atividades, textos, música, teatro, apresentações, palestras, conversas, gráfica ou o que gostem propor desde seus territórios.

Que a obscuridade se converta em um refúgio e deixe de representar medo e incerteza. Preparemos o terreno para este novo ciclo, semeemos as sementes de rebeldia para colher frutos de liberdade.

A chamada estará aberta até o dia 12 de abril. Para agendar as atividades, envie-nos um email para: laterka1312@riseup.net

Nunca é tarde para sair e brincar.

Amor e anarquia!

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Fonte: https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/03/27/mexico-jornadas-anarkicas-apocalipticas-primavera-negra/

Solidariedade com o povo de Mimoso do Sul!

 

A Federação Anarquista Capixaba – FACA – se solidariza com a população da cidade de Mimoso do Sul, no sul do Espírito Santo, atingida por uma violenta enchente no último final de semana (22 e 23 de Março de 2024). Quase vinte pessoas, até o momento, perderam a vida em razão do ocorrido. Um fato terrível e que mais uma vez demonstra a incapacidade do Estado para gerir as nossas vidas, já que a região afetada é conhecida pela tendência à inundações e deslizamentos, sendo certo que o Estado nada fez para evitar o pior.

Clamamos aos companheiros e companheiras que transformem a palavra solidariedade em ação, doando itens de primeira necessidade nos diversos pontos espalhados no território capixaba, bem como contribuindo com os afetados e afetadas de todas as formas possíveis!

A FACA empenha seus braços e corações com o povo mimosense!

SÓ O POVO SALVA O POVO!

Federação Anarquista Capixaba – FACA

 

[Portugal] Anarquismo e Parlamentarismo

As políticas de conciliação da esquerda parlamentar com as classes dominantes continuarão a perpetuar as políticas neoliberais de repressão, violência, austeridade e pobreza. O fascismo só poderá ser derrotado fora do parlamento por todos os meios necessários, através da ação direta e da mobilização radical de massas nos movimentos sociais e nas ruas.

O início de 2024 trouxe-nos mais uma campanha eleitoral, com todo o exaustivo processo de propaganda partidária, debates televisivos e discussão política nas redes sociais e nos media, sobre qual o(s) partido(s) político(s) mais capaz(es) de resolver os problemas das pessoas em Portugal, através da sua ação na Assembleia da República. Os resultados são aqueles que mais se temiam. A esquerda reformista burguesa foi completamente esmagada encontra-se cada vez mais enfraquecida, com uma vitória do conservadorismo reacionário da Aliança Democrática e um enorme crescimento do fascismo (assumido) com mais de 40 deputados do Chega.

Estes resultados eleitorais são um enorme pontapé na esquerda legalista e reformista parlamentar, que acreditaram, e acreditam ainda, que se pode vencer o fascismo e o capitalismo pelo voto na democracia representativa burguesa.

O fascismo só poderá ser derrotado pela ação direta e a mobilização radical de massas nos movimentos sociais e nas ruas. Apenas a luta de massas organizada e o acúmulo de força social e poder popular por parte da classe trabalhadora, nas suas próprias organizações, pode derrotar o fascismo. Só com a destruição do capitalismo, do Estado, e de todas dominações é que podemos evitar que o fascismo volte. É um longo processo de educação, organização e luta popular e proletária que tem de ser desenvolvido o quanto antes. Deste modo, o anarquismo e o comunismo tornam-se as únicas soluções viáveis. Nunca o fascismo poderá ser derrotado num país estruturalmente e sistemicamente racista, colonial, patriarcal, queerfóbico e capitalista.

Enquanto anarquistas e comunistas libertários, não acreditamos no parlamentarismo como método de resolução dos problemas coletivos e individuais da nossa sociedade, nem no parlamento como órgão representativo dos interesses das classes trabalhadoras. O Estado, com os seus órgãos de poder e governação, é uma instituição de dominação da classe burguesa sobre o proletariado, os trabalhadores e despossuídos. Uma instituição burocrático-militar, baseada na centralização de poder nas mãos de uma minoria de representantes das classes dominantes e em relações sociais hierárquicas de dominação, exploração e opressão, mantendo a maioria dos membros de uma sociedade afastados das tomadas de decisão políticas, económicas e sociais que lhes dizem respeito. Enquanto órgão que se posiciona acima da sociedade e fora da sociedade, o Estado serve apenas para defender os interesses da burguesia e dos seus burocratas, proteger a propriedade privada e perpetuar a exploração. Enquanto o Estado existir, o capitalismo também continuará a existir, e nós continuaremos a ser impedidos de possuir em comunidade os nossos meios de produção e existência, esmagados por uma dominação impessoal e alienante.

O parlamento é, portanto, o órgão político da classe burguesa. Como tal, não é no parlamento que os trabalhadores, estudantes, desempregados e outros, devem procurar a satisfação das suas necessidades e dos seus interesses. E mais importante do que debater se devemos ou não apelar à abstenção, ao voto em branco ou qualquer outra tática eleitoral, é definir de que forma se pode e deve agir politicamente. Em que organizações, locais, espaços sociais, com que objetivos e através de que métodos de tomada de decisão. Por outras palavras, se o parlamento é um dos órgãos políticos da burguesia, quais são os nossos?

Desde o século XIX, o proletariado tem vindo a criar autonomamente órgãos de poder popular político e social. Sindicatos de trabalhadores, moradores e estudantes, cooperativas, assembleias de bairro, comissões de fábrica, comunas rurais, concelhos de trabalhadores (sovietes) são todos modos de organização desenvolvidos para combater o capitalismo. Coletivos de base, feministas e queer, antirracistas, antifascistas, redes de apoio mútuo, grupos de luta pela habitação, pela defesa do ambiente e luta ecológica, e até grupos culturais e desportivos populares, podem todos ter o papel de espaços de política dos oprimidos.

A luta do dia a dia, a construção revolucionária gradual, é feita diretamente e autonomamente pelos próprios trabalhadores, pelos próprios oprimidos. É essencial investirmos as nossas forças e energias na militância diária no âmbito sindical, habitacional, estudantil, feminista, queer, ambiental, antiprisional, antirracista, cultural, antimilitarista, anti-imperialista, anticolonialista, e não desperdiçar energias acreditando em campanhas eleitorais e na política burguesa.

Os órgãos de poder popular não surgem pré-definidos nem podem ser uma invenção de uns quantos teóricos pseudorrevolucionários, mas surgem da própria luta diária e historicamente específica dos próprios trabalhadores, estudantes, oprimidos e despossuídos. A construção do poder popular é um processo de autocriação e auto consciencialização, que só se pode concretizar através da luta concreta e das discussões nos espaços frequentados coletivamente pelos explorados. O caminho faz-se caminhando, e é na luta que poderemos definir qual é a melhor forma de nos organizarmos com base em relações sociais igualitárias e voluntárias, para satisfazer as nossas necessidades e os nossos interesses coletivos e individuais.

Enquanto anarquistas e comunistas, é nesses espaços que devemos focar a nossa militância diária, onde podemos agir coletivamente, levar as nossas ideias e propostas e construir novas, em conjunto com os oprimidos. De outra forma, tornamo-nos nada mais do que agentes passivos na nossa torre de marfim, incapazes de fazer nada, condenados a apelar ao mal menor no parlamento.

Porque depois das eleições continua tudo igual. As políticas de conciliação dos partidos de esquerda reformista parlamentar e legalista com as classes dominantes irão continuar a perpetuar as políticas neoliberais de repressão, violência, austeridade e pobreza. O fascismo, enquanto não for combatido fora do parlamento por todos os meios necessários, irá continuar a crescer e a receber apoio, aceitação e normalização por parte dos liberais assustados e conservadores oportunistas. As pessoas dos bairros e comunidades pobres e marginalizadas vão continuar a ser despejadas das suas casas ou a viver em condições miseráveis enquanto pagam rendas elevadas. Trabalhadores vão continuar a ser explorados, o meio ambiente destruído pelas políticas estatais e capitalistas. Atos machistas, racistas, homofóbicos e transfóbicos continuarão a ser praticados, ignorados e protegidos pelo Estado.

É urgente organizarmo-nos, com base na livre associação, autogestão, cooperação, ação direta, apoio mútuo, amor, solidariedade e diversidade. Construir e participar nas organizações de poder popular, acumular força social e comunitária, para transformar a sociedade, em direção à abolição de classes sociais, do Estado, da propriedade privada. À destruição de todas as prisões, do exército e da polícia. Ao combate de todas as relações sociais de dominação: o patriarcado, o racismo, a homofobia, transfobia, o militarismo, colonialismo, imperialismo, especismo, capacitismo e a destruição da natureza. Por uma sociedade na qual o livre desenvolvimento de cada um é a condição necessária para o livre desenvolvimento de todos, onde a liberdade do outro estenda a nossa ao infinito. Um mundo no qual os meios da nossa existência nos pertencem a todos, coletivamente.

O local de voto dos anarquistas, comunistas e das classes trabalhadoras não é nas eleições legislativas, é no movimento social, nos sindicatos horizontais, nas assembleias de bairro, nas organizações da nossa classe e para a nossa classe.

>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:

https://uniaolibertaria.pt/anarquismo-e-parlamentarismo-a-revolucao-nao-se-faz-nas-urnas/

Fonte: https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/03/26/portugal-anarquismo-e-parlamentarismo/